Todas as cautelas precisam ser tomadas para que a corrupção não acabe contagiando a segurança pública

André Malta Martins – Advogado

Diretor CICS Canoas

O alerta vem de São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro, onde quase 100 policiais militares são suspeitos de estar articulados com ladrões e traficantes, fornecendo-lhe armamento, munições, informações e proteção, em troca do pagamento de propina. Conforme os agentes responsáveis pela Operação Calabar, o valor alcançava mais de R$ 1 milhão por mês.

O envolvimento criminoso de policiais com bandidos não apenas desabona a Polícia Militar do Rio de Janeiro, mas todas as instituições civis e militares de segurança pública brasileiras. E serve de estímulo para que essas corporações reforcem os mecanismos de controle da conduta de seus integrantes, a fim de garantir que esses quadros não sejam cooptados pelo crime organizado, o qual pode se valer do descalabro financeiro do poder estatal para recrutar pessoas que são treinadas justamente para atuar na defesa da população, e não contra ela.

Todas as cautelas precisam ser tomadas para que a corrupção, já entranhada no organismo político e empresarial do país, conforme diariamente atestam os veículos de imprensa, não acabe contagiando esse serviço essencial que é o da segurança pública, especialmente a do Rio Grande do Sul, já bastante fragilizada pela defasagem e parcelamento dos salários dos servidores e pela falência do sistema prisional.

Cada cidadão exige que nenhum esforço seja poupado dos governantes e dos líderes das corporações civis e militares, no sentido de que a segurança pública seja depurada dos maus agentes. E que a quadrilha de bandidos fardados de São Gonçalo seja logo denunciada e punida, servindo de exemplo para que nunca mais se repita esse gravíssimo episódio de violação da lei e da honra.

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