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Simone Diefenthaeler Leite – Presidente da CICS

Futebol, a maior paixão dos brasileiros. Copa do mundo, o maior espetáculo da terra. Teria o Brasil conseguido acabar com aquela que é considerada a maior paixão dos brasileiros? Não acredito. Teremos Copa no Brasil e a cada dia que passa fica mais evidente que boa parte da nossa população vai acompanhar muito de perto este evento.
O que acontecerá ao longo da disputa, fora dos estádios, é que desperta a nossa curiosidade. Não só no sentido negativo. Vejamos: o Presidente Lula, na época, fez sua escolha: 12 estádios ao invés de 8. A presidente Dilma entrou no embalo e fez suas promessas a nós, brasileiros, principalmente no que diz respeito à infraestrutura, e vendeu ao exterior uma imagem de um país irreal.
O público, o privado e a FIFA não se entendem, discutem por meio da mídia, e somos nós, população, que pagamos a conta. O público é ineficiente e o privado ganancioso. Acabamos descobrindo que o famoso “Padrão FIFA” é muito bom e passamos a exigir saúde, educação e transporte no Padrão FIFA!
As diferenças convivem juntas. De um lado, um belíssimo estádio de futebol, que abrigará poucos jogos. Do outro lado, prédios abandonados invadidos por famílias sem teto. Bem, isso tudo é real. Essa é a copa do Mundo do Brasil. No entanto, quero chamar a atenção para um outro aspecto: as visitas – no caso os turistas – não têm a mínima culpa da nossa incapacidade em gerenciar um evento deste porte, da nossa desorganização, da nossa desigualdade social, da nossa má gestão, da educação pública que fica a desejar, da falta de hospitais, do atraso na infraestrutura…
É como na nossa casa: você convida várias pessoas para uma festa e no dia do evento o casal anfitrião tem uma discussão e briga! Nada resta a fazer a não ser tomar um banho, chorar no chuveiro, colocar uma boa roupa e abrir a porta de casa, recebendo todos os convidados de forma muito simpática, com um sorriso estampado no rosto. Certamente você já ouviu aquele velho ditado de que “roupa suja se lava em casa”. Pois é…
Então, que sejam bem-vindos os turistas, os apaixonados por futebol. Que possamos servir de exemplo à toda terra e, com a hospitalidade que nos é característica, fazer uma festa à parte.
Que possamos torcer e fazer aquela corrente “prá frente Brasil” e ouvir o grito de GOLLL com o coração cheio de alegria.
Que as ruas se encham de bandeiras verdes e amarelas e não de violência. A roupa suja a gente lava em outubro.

(Artigo publicado na Zero Hora, na edição de 13/06/2014, pág. 20, e Diário de Canoas, edição de 10/06/2014, pág. 08)